Se você chegar a Goiás e ouvir Quecosô, Oncotô, Oncovô, não se assuste. Essas são apenas gírias que circulam pelo estado do pequi. Os significados dessas expressões são entendidas rapidamente. Certo dia, parei para pensar e adotei essas palavras e seus significados de uma forma mais profunda. Tentei colocá-las dentro da minha vida e das minhas experiências.
Agora, pare a leitura um instante e pense: você já se perguntou quem é, onde está e aonde quer ir? Se a resposta foi sim, meus parabéns! Este texto abrirá mais os seus olhos. Se foi não, calma! Vamos falar um pouco sobre esses dilemas.
Quecosô – Quem eu sou?
A psicologia apresenta inúmeras teorias sobre a conduta humana. Porém, muitos problemas poderiam ser facilmente respondidos se soubéssemos quem nós somos. Nossa resposta é única, isto é, individual. Na busca pela solução dessa pergunta, confundimos o ser com o fazer. Esse engano está tão habituado no subconsciente que, quando uma pessoa nos pergunta quem nós somos, logo respondemos: sou advogado, sou tenista, sou…
O “ser” está relacionado com o sentido da nossa vida, com os objetivos e com as interações que fazemos. Além disso, o melhor é saber que ele é mutável. A cada contato, a cada descoberta, a cada emoção, somos diferentes dos instantes anteriores. Somos, como diria John Locke, uma Tábula Rasa, ou seja, funcionamos como uma folha de papel em branco, e nossas experiências são os lápis e as canetas. Dessa forma, o que somos interfere diretamente nas outras duas questões, que procuraremos responder abaixo.
Oncotô – Onde eu estou?
Novamente pare a leitura. Veja o local onde está. Observe com atenção e cuidado. Na maioria das vezes, o que nos cerca reflete muito como estamos. Um exemplo é o jeito o qual a literatura trata as casas e, principalmente, os quartos dos personagens. Esses elementos espelham o interior, a personalidade, a mente dos envolvidos.
Um bom termômetro para saber como a pessoa está é observar o quarto dela. Geralmente, quartos bagunçados, com camas mal arrumadas, sapatos jogados e roupas em todos os lugares, tendem a espelhar um interior pessoal desorganizado, confuso, instável. Se o seu quarto ou a sua casa está assim, não se desespere! Nem tudo está perdido. Somos mutáveis. Para mudar essa situação, podemos traçar metas de como queremos estar depois de certo tempo.
Oncovô – Aonde eu vou?
Este é o momento dos sonhos. Um amigo me disse certa vez: “Sonhe alto, porque, se você não chegar lá, pelo menos estará mais alto do que o sonho medíocre”. Para alcançar esses objetivos, tenha metas. Traçá-las é essencial na vida de qualquer indivíduo. Quando não sabemos o que procuramos, é fácil nos perdermos.
As metas são quantitativas. Elas ajudam a colocar os sonhos de forma mais concreta. Um exemplo é a vontade de viajar para fora do Brasil. As metas são o que fazer para a viagem acontecer, como juntar dinheiro durante os próximos dois anos.
Depois de ter metas elaboradas, podemos responder aonde vamos. A partir daí, a engrenagem da locomotiva, chamada vida, ganha nova lubrificação. O famoso efeito cascata acontece. Como uma corrente, um elo puxa outro.
Quecosô, Oncotô, Oncovô. Essas palavras podem ser muito mais do que gírias. Que tal começar a pensar nelas sob a ótica da sua vida? Quem decide é você. Porém, posso garantir que elas te ajudarão a ter novos rumos. Quando for a Goiás, aproveite para pensar nas expressões dessa terra.
Texto por Daumildo Júnior Arte por Beatriz Socha
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