Ser igual cansa. Pensando nisso, criamos este texto com a finalidade de listar algumas dicas para seguir a vibe hipster. Mas, afinal, o que é ser hipster? O termo apareceu após a Segunda Guerra Mundial em um contexto que reunia jovens com pensamentos existencialistas. Conhecidos também como tribos urbanas, os grupos hipsteristas se inspiravam na contracultura, na arte e no pensamento libertário.
Antes de chegar às infalíveis dicas de como ser hipster, é interessante conceituar, sinteticamente, alguns termos:
Mainstream ou cultura de massa: não passa de um oceano de imposições ditadas pelos meios de comunicação, muitas vezes identicamente destinadas aos mais diferentes locais e povos. (Definição de Eclea Bosi)
Geração Beat: embrião do movimento hippie, é um grupo estadunidense de escritores e poetas. Os beatniks, assim apelidados, ignoravam o capitalismo, a literatura tradicional e a necessidade de trabalhar, ou seja, foram alguns dos iniciadores do movimento de contracultura.
Contracultura: nome dado à rebelião dos anos 60, formada por jovens estadunidenses que se recusavam a cumprir serviço militar em função da Guerra do Vietnã. Eles criaram vida alternativa, compuseram nova música e se desassociaram da sociedade de consumo correspondente. (Definição de Martin C. Feijó)
Você deve estar se perguntando sobre a relação entre os cinco passos para ser hipster e todas essas informações. O movimento hipsterista surgiu da necessidade de expor a voz dos diferentes, dos inconformados. Por isso, roupas, ideologias e posicionamento social deveriam contrapor e negar a cultura de massa. Enfim, vamos ao guia para ser um bom hipster:
Seja autêntico e independente.
Depois deste tópico, percebemos que não faz sentido algum criar uma lista com dicas para ser hipster. Na verdade, essa é uma grande ironia para criticar a “fetichização” da autenticidade. Assim o articulista Christian Lorentzen, do New York Times, define o hipsterismo: fetichizado. Para ele, o movimento lança tudo com uma peculiar e intrínseca inautenticidade, o que não é mentira principalmente no contexto que nos cabe, o da juventude brasiliense.
Quando inserido na classe média (contexto social que abarcou o movimento hipster desde a década de 40) de Brasília, o hipsterismo banalizado se encaixa perfeitamente e pode ser definido até como a arte de ser igual na tentativa de ser diferente. Além disso, a falta de ideologia de muitos jovens que tentam se diferenciar é evidente.
Em relação à formação ideológica, cabe o questionamento: a contracultura ainda existe no pensamento dos jovens de hoje? A ideia de que eles seguem holofotes, encantam-se pelo inusitado e deixam se levar pela alienação ainda persiste. Realmente, a maioria da juventude da atualidade não se interessa por assuntos socioculturais e foge do engajamento político, mas, obviamente, não se pode resumir um grupo de pessoas a estereótipos.
Hoje, não há um ideal claramente demarcado que faz os jovens se mobilizarem e comporem uma contracultura forte. Talvez, por isso, movimentos como o hipsterismo atual se guiem por assuntos fúteis, alienações e inautenticidades muitas vezes imperceptíveis. Se você acessou este post com o intuito de ser um bom hipster, não se decepcione, pois até os beatniks se influenciaram pela indústria cultural. O grupo começou a vender discos no mercado, os locais frequentados pelos primeiros beatniks se transformaram em pontos turísticos, e os jovens com roupas características se reuniam para ouvir jazz lá. Para confirmar essa influência, vale ressaltar que o comportamento deles foi divulgado de forma potencial pelos meios de comunicação.
Em tempos de unificação e burocracia, ser diferente é essencial. Além disso, buscar a diferenciação de forma verdadeira tem tudo a ver com criatividade, e ser criativo é ter um tesouro em meio a tanta mesmice.
Diferentemente da contracultura, os hipsters se caracterizam por pertencerem à subcultura, ou seja, participam de um grupo composto por particularidades culturais. A diferença está em um detalhe: o movimento hipsterista se distancia do modo de vida dominante sem se desprender dele. Mas, e você? Age diferentemente do resto ou acha que é influenciado por um comportamento comum? Você consegue enxergar suas ideologias no modo como se relaciona em sociedade? São muitos questionamentos que, às vezes, nem precisam de resposta, mas que nos levam à reflexão. Afinal, o importante é ser o que você quiser ser.
Texto por Murilo Fagundes Arte por Giulia Marcelino
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