Por Hermano Araújo
No ano passado, o estado norte-americano de Indiana tornou optativo o ensino da escrita cursiva nas escolas. A medida vem de várias discussões do currículo educacional no país que tendem a priorizar outras habilidades consideradas mais funcionais, como a digitação em teclados de computadores.
Imaginar alfabetização separada da caligrafia parece grande ruptura. Quando crianças, um tempo razoável de nosso desenvolvimento esteve voltado a desenhar letrinhas e aprender a ligá-las umas às outras até que, afinal, nos tornássemos artesões de nossas próprias fontes tipográficas. Contudo, é importante perguntar: a que ponto ainda escrevemos à mão?
Estamos cada vez mais imersos no universo digital. Celulares e computadores, por exemplo, são cada vez mais incorporados às nossas vidas, tanto em aspectos profissionais como pessoais. Em ambiente virtual, nos comunicamos, criamos redes e produzimos. Com a escrita não é diferente. É provável que enviamos mais SMS do que deixamos recados na geladeira. Nos últimos tempos, podemos contar nos dedos quantas vezes desenhamos nossas letras em uma página inteira.
O vídeo a seguir mostra uma garotinha de um ano experimentando as possibilidades interativas de um tablet e uma revista impressa. Ele ilustra esse “impulso digital” do século, e tem título bem sugestivo: fala, em inglês, algo como “uma revista é um iPad que não funciona”.
Ainda que possa existir uma sensação de romantismo perdido, não nos cabe ou interessa prever um fim para a escrita à mão. Cartas, emails, telefones fixos e celulares, tipos móveis e digitais: não há nada que esteja imune à dinâmica da tecnologia. O importante, sobretudo para nós comunicadores, é ter em vista essas mudanças e aprender com elas.
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