Texto por Felipe Neves Arte por Wenderson Oliveira
Década de 20. George Orwell se alista na Polícia Imperial Indiana. É treinado na Birmânia e volta à Inglaterra em 1928. Relata sua experiência impactante em cidades da Europa em “Na Pior em Paris e Londres”, uma de suas primeiras publicações. Depois publica “Dias na Birmânia”.
1937. Explode a Guerra Civil Espanhola e o escritor se torna soldado por um tempo. Leva um tiro na garganta que compromete sua voz para sempre. No ano seguinte escreve “Lutando na Espanha”. 1945. Acaba a Segunda Guerra Mundial, e Orwell lança um dos seus títulos mais populares: “A Revolução dos Bichos”. Deixou o melhor por último: “1984” é lançado em 1949.
George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, foi um escritor e jornalista. Nascido na Índia, em 1903, mudou-se ainda criança para a Inglaterra, onde viveu a maior parte de sua vida. A existência do autor, porém, já foi demasiadamente exposta e detalhada. Uma busca rápida e simples pela internet te levará de leigo à especialista na biografia do indiano em pouco tempo. Esse texto não vai tratar de quem ele foi, mas do que ele fez.
A experiência na polícia, a estadia na Índia e o serviço militar na Espanha foram muito marcantes para George Orwell. Sua visão de mundo é profundamente afetada após tais eventos. Segundo o próprio autor, “nada substitui a experiência direta da vida”. Ele levou isso tão a sério, que viveu por um tempo em Paris e Londres como morador de rua, sentindo na pele o que aquelas pessoas passavam, como se fosse um jornalista investigando uma fonte. É daqui que o escritor baseia seu estilo literário.
Tanto em seus romances como em publicações de jornais, o marcante na obra dele é o relato de suas vivências, com alto teor crítico social. Ele viveu uma época de grande mudanças em todo mundo, em que capitalismo, comunismo e nazismo eram palavras recorrentes. A escrita política se torna seu estilo principal. Suas obras destilam críticas contra o imperialismo na Índia e totalitarismo de Stálin. Defende e ao mesmo tempo ataca o socialismo e o capitalismo, destacando suas vantagens e desvantagens.
Seus romances, atualmente, deixaram o trabalho como jornalista em segundo plano. Em vida, porém, foi mais conhecido como um exímio ensaísta. Orwell escreveu centenas de ensaios, resenhas, artigos e críticas literárias. O crítico americano Irving Howe o classificou como “o melhor ensaísta inglês desde William Hazlit, e até mesmo desde Samuel Johnson”, dois escritores britânicos do século XIX. Seus escritos ensaísticos eram marcados pela perspicaz visão de mundo e pelo combate a ignorância política e a alienação intelectual.
Quando o escritor morreu, “1984” tinha apenas um ano de idade. O livro, hoje um dos escritos mais celebrados, famosos e influentes do século XX, quem sabe de todos os tempos, foi escrito em um período curto de tempo. Orwell se enclausurou em um retiro no ano de 1948, e lá começou o primeiro manuscrito da obra. Publicada um ano depois, foi um sucesso de vendas e trouxe bons lucros para o escritor antes de seu falecimento em janeiro de 1950. A história de um homem insatisfeito com a sociedade totalitária e opressora em que vive, ambientada em um futuro distópico, tornou-se um clássico.
George Orwell não viveu para ver o incrível sucesso e influência que suas obras teriam, mas suas ideias sobrevivem através de seus escritos. A persona de Orwell, gênio literário e ativista político, voz contra o totalitarismo e a desigualdade ainda está viva, e se renova cada vez que alguém abre seu livro e fica sabendo que era uma tarde fria de abril e os relógios marcavam treze horas.
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