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Foto do escritorFacto Agência

Uma estratégia curiosa

Por Késia Zaiden

No final de abril, durante um jogo do Barcelona contra o Villarreal, uma banana foi atirada para o jogador brasileiro Daniel Alves. Em uma resposta simples, ele comeu a fruta e continuou a jogar. Algumas horas depois, o jogador Neymar postou uma foto em seu Instagram com o filho segurando uma banana e a legenda: “Somos todos iguais, somos todos macacos. Racismo não”. Em pouco tempo, a hashtag “somostodosmacacos” iniciou um movimento que contou com a participação de celebridades como Claudia Leitte, Luciano Huck e até Inri Cristo. Luciano Huck decidiu tirar proveito da situação e lançou uma camiseta com uma estampa escrita “somos todos macacos”. Ele recebeu criticas por sua atitude de “empreendedorismo” diante de um “movimento social”. Porém, alguns dias depois foi revelado que tudo não passava de uma estratégia de marketing de Neymar, apesar de não ter sido combinado nada com Daniel Alves. Guga Ketzer, publicitário e sócio da agência Loducca, afirma que a campanha já estava pronta e apenas aguardava um momento para poder ser lançada. A ação de Daniel Alves apenas fez surgir um timing perfeito para ser divulgada.

A resposta de Daniel foi elogiada pelo público, já a campanha #somostodosmacacos recebeu críticas e uma visão negativa. Se ela for realmente fruto de uma estratégia para alavancar ainda mais a carreira de Neymar e sua imagem como uma pessoa engajada em causas sociais, não atingiu de maneira tão positiva quanto se queria. A campanha causou mais polêmica e chamando atenção negativamente do que passando uma boa imagem.

Estratégias de marketing precisam ser muito bem estudadas, planejadas e executadas para se obter o efeito ou alcançar o objetivo que se deseja. Nesse caso, a execução foi bem realizada, porém as possíveis reações do público, da mídia e da população não. Campanhas que envolvem questões como racismo, homofobia ou machismo podem gerar muitos conflitos com o público.

Apesar de ter registrado grande adesão pelas redes sociais, a polêmica sobre ser ou não macaco gerou indignação de alguns sociólogos e defensores de uma maior consciência negra. Para eles, o movimento é apenas uma forma de fazer piada com um assunto sério, além de seguir com  um racismo enrustido.

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