Para quem mora no DF, é quase impossível não conhecer alguém que veio de Minas Gerais, mais especificamente do noroeste mineiro, que fica ao lado da capital brasileira. Até para viajar, muitas rotas de tráfego usadas envolvem o estado. Uma das cidades mais conhecidas e próximas de Brasília é Paracatu. Já ouviu falar dela?
Paracatu tem uma história extensa, que se origina desde o período colonial brasileiro. Os bandeirantes, que por ali passavam, descobriram as terras. Porém, o povoamento efetivo foi realizado por apenas dois deles: Felisberto Caldeira Brant e José Rodrigues Fróis.
De início toda a área foi um povoado, depois tornou-se o Arraial de São Luiz e Sant’Ana das Minas do Paracatu. O nome Paracatu tem origem indígena, sendo que “Pará” significa rio e “Katu”, bom. Logo, em tupi-guarani, a cidade se chama Rio Bom, já que lá existiu um rio com abundância de ouro. O Córrego Rico ainda está lá, mas não é mais o mesmo.
Em 20 de outubro de 1798, a rainha de Portugal dona Maria I deu o título e a elevação de Arraial para Vila do Paracatu do Príncipe. Contos relatam que o nome foi uma homenagem ao nascimento do príncipe Dom Pedro I no dia 12 de outubro do mesmo ano.
Somente em 1840, a Vila foi elevada à cidade de Paracatu. O município, ao lado de outras cidades, faz parte da história do Brasil. Paracatu foi tombada em 2010, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como patrimônio cultural brasileiro, entrando para o rol de cidades históricas de Minas.
A cidade, típica do clima de cerrado, possui economia fortemente agropecuária, mas que desenvolveu-se bastante para o turismo, principalmente depois do tombamento. Em seu entorno, a trilha de cachoeiras é grande. Uma das mais conhecidas é a cachoeira do Ascânio. Além de grutas, de cavernas e de ecoturismo, também tem o Circuito do Prata, que fica a 37 km de distância e conta com várias outras trilhas e rios.
Paracatu ainda possui centro histórico, museu, casa de cultura e muitas festas típicas durante o ano. O carnaval é marcado por tradicionais marchinhas, e, no meio do ano, acontece a Expo Paracatu, com grandes shows, leilões, torneios exposições e cavalgada, sendo uma das maiores festas do Noroeste de MG. O padroeiro da cidade é Santo Antônio, que deixa tudo em clima de festa durante o mês de junho.
Os quilombos também são importantes berços de história tanto para o município como para o país. Conhecidos como símbolo de resistência e poder, existem três grandes comunidades quilombolas em Paracatu: São Domingos, Machadinho e Família dos Amaros. Eles são os responsáveis pelo expressivo folclore e pelas manifestações culturais como a caretada.
A Folia de Reis é outra festividade muita aguardada pela população, devido ao caráter histórico, que une cultura e comidas típicas. Entre os meses de julho e novembro, ocorre o Festival Cultural de Paracatu. O evento envolve diversas programações gastronômicas, musicais e teatrais para o público.
Algumas lendas brasileiras também se misturam com a história da cidade. A mais conhecida é sobre a Fidalga Mariana Batista, que era uma escrava. Devido às dificuldades sofridas no período escravocrata, ela decidiu construir um cacho de bananas todo de ouro e enviou para a rainha de Portugal. Tal presente deixou a deixou tão maravilhada que ela deu para Mariana o título de Fidalga, tornando-se uma figura importante na cidade e para os brancos.
A posição estratégica do município também contribuiu para o seu desenvolvimento. Inclusive, quando surgiu a ideia de transferir a capital para o centro do país, foi visto que Paracatu estava em uma região interessante. Sendo apontada como uma possível área para a nova sede.
A exploração aurífera ainda prossegue. Uma empresa internacional cuida da retirada das pepitas de ouro, que agora estão misturadas à terra nos morros. A extração é feita em minas a céu aberto e traz muita preocupação aos paracatuenses devido à liberação de arsênio, substância nociva à saúde.
Paracatu é história. Paracatu é cultura. Paracatu é festa. Que tal fazer um tour pela cidade, a qual sempre esteve ao lado de Brasília? Aproveite e monte o roteiro de viagem pelas pela paisagem mineira. Descubra o quanto o pão de queijo é bom, mas Minas Gerais é mais do que queijo, mais do que uai, mais do que trem.
Texto por Carlos Augusto Xavier Arte por Camila Alves
Comments