A princípio, o intuito é promover integração entre calouros e veteranos. Mas, na prática, isso pode sair do controle. O trote é uma atividade que perpassa nas universidades geração após geração. Muitas pessoas o encaram como um momento descontraído, já outras, sentem-se constrangidas e até humilhadas.
Ser aprovado em uma universidade é um marco na vida dos estudantes, e o trote funciona como um rito de entrada nesta nova e tão esperada fase. Mas infelizmente, o que deveria ser comemoração se torna pesadelo para alguns. No Brasil, há muitos casos de abusos durante os trotes. Pode-se até relatar homicídios. Um dos mais conhecidos é o de Edison Tsung Chi Hsueh, que em 1999 era calouro do curso de medicina na Universidade de São Paulo (USP), uma das mais conceituadas no Brasil. O processo jurídico que investigava a morte do jovem foi arquivado e os suspeitos estão livres, formados e empregados como médicos. Essa não foi a primeira nem a última vez que casos como esse ocorrem no país.
Mas se o objetivo é gerar proximidade entre os estudantes, por que os trotes podem ser tão violentos? Essa resposta se apoia na análise de uma história medieval. O trote surgiu na Europa e, devido às doenças propagadas na chamada Idade das Trevas, algumas medidas profiláticas eram tomadas: os cabelos dos calouros eram raspados e as roupas, retiradas e queimadas. Isso gerou o costume de identificá-los como “calouros sujos”, “bichos”, entre outros termos abusivos. O nome do próprio ritual, trote, faz referência à forma de domesticação dos cavalos.
Existem formas de comemorar a entrada de novos colegas sem desrespeitá-los. Uma ideia que tem se espalhado é o trote solidário, no qual calouros e veteranos se unem para realizar alguma prática de caridade. Consiste desde ir em asilos e abrigos fazer doações, realizar atividades que animem a tarde de quem está lá ou até colaborar com o serviço de saúde da região em que estudam.
Para aqueles que preferem combinar a solidariedade com o espírito de brincadeira, tinta, músicas, danças ainda são válidas, desde que todos os participantes concordem em estar ali. Tudo deve ser conversado e feito com a intenção de tornar essa passagem mais leve e divertida!
Texto por Marisa Wanzeller Arte por Daniela Franca
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