Cartaz do prêmio
Por Thaisa Oliveira
Receber apoio financeiro para produzir e veicular uma reportagem representa, para muitos estudantes de jornalismo, a primeira oportunidade para adquirir visibilidade na profissão. Essa é uma das propostas do Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, que também objetiva incentivar a prática do jornalismo com método, responsabilidade e ética, por meio do desenvolvimento de pautas jornalísticas relacionadas aos Direitos Humanos.
A iniciativa, realizada pelo Instituto Vladimir Herzog, é destinada aos estudantes de Comunicação Social/Jornalismo de instituições credenciadas pelo MEC. Para participar, basta elaborar uma pauta criativa condizente com os temas adotados pela organização. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas individualmente ou em grupo de até três integrantes, com obrigatoriedade de orientação de um professor da Universidade.
Mateus Luiz de Souza e Bruno Molinero foram os vencedores da terceira edição, realizada em 2011. A partir do tema Oito objetivos do Milênio eles propuseram a pauta A situação dos haitianos que estão na tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia, no município de Tabatinga (AM), esperando por um visto para entrar em território brasileiro.
Mateus relembra que soube da situação dos haitianos por meio de comentários de amigos que viajaram até a Amazônia num projeto de uma ONG paulista. “Pensando o tema, isso nos veio à mente e fomos pesquisar mais. Vimos que era um fluxo migratório crescente e que não havia absolutamente nada sobre o assunto na mídia nacional. Então fomos descobrindo o trajeto destas pessoas até Manaus, a motivação, entre outras coisas. E elaboramos nossa proposta baseados nisto, somente com pesquisas na internet – principalmente em sites locais da Amazônia.”
Para a execução do projeto, eles receberam orientação do repórter Leonêncio Nossa, do jornal O Estado de São Paulo, e viajaram até Tabatinga (AM) para conferir de perto a situação dos imigrantes.
“Só pra chegar a Tabatinga, na fronteira com o Peru e a Colômbia, demoramos quase uma semana de barco pelo Solimões”, recorda-se Bruno. “Nesse sentido, o Prêmio foi fundamental. Sentar em uma sala de aula e estudar Teoria da Comunicação, Filosofia e Política tem sua importância. Mas isso não forma um repórter. Nenhuma universidade ensina o que aprendemos nessa cobertura.”
A matéria rendeu-lhes a participação no WEYA-World Event Young Artists 2012 (Encontro Mundial de Jovens Artistas 2012), em Nottingham, Inglaterra, durante duas semanas. Além disso, uma versão simplificada foi publicada na versão online do jornal Folha de São Paulo.
Na quinta edição do Prêmio, dois temas de destaque são propostos para a elaboração da pauta.
a) Após uma década de políticas de ação afirmativa, o que os jovens negros, que ingressam no mercado de trabalho, contam sobre discriminação e superação?
b) Bullying – como se aprende a violar a dignidade humana.
O Projeto de Pauta deve ser enviado no ato de inscrição até o dia 20 de abril pelo site www.jovemjornalista.org.br. O meio de comunicação – jornal, revista, rádio, televisão ou Internet – escolhido pelo candidato para a veiculação de sua matéria também deve ser designado. Será avaliada a relevância da proposta a partir dos temas apresentados, a criatividade, o desenvolvimento e a exequibilidade do projeto. “A proposta de pauta tem que ser a mais original possível, ou então um olhar original sobre um assunto difundido”, ressalva Mateus.
As três pautas vencedoras, cuja produção e publicação serão custeadas pela organização, serão anunciadas em junho de 2013. Este ano, os autores da melhor matéria ganharão uma viagem até a África do Sul para conhecer o Museu do Apartheid, em Joanesburgo.
Comentarios