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As pessoas não se informam corretamente. É sério! Apressadas, elas leem um texto de poucos caracteres para já clicarem em compartilhar. É, mas o jornalismo econômico não funciona assim. Por ser tão especial, é um dos ramos mais privilegiados na área da comunicação. Quem lê os principais periódicos do país ou assiste emissoras televisivas observa que o conteúdo veiculado foi drasticamente alterado. Tudo gira em torno de números.
Antes de adentrar ao assunto, aviso que tentei acompanhar a paralisação dos caminhoneiros até o dia da publicação deste texto. Iniciado na segunda (21/05) o movimento encerrou-se na quinta (31) e justificou a criação de um gabinete de crise pelo presidente Michel Temer. Para debater assuntos do ramo, é preciso muito embasamento. Afirmo isso porque, caso não ocorra tal situação, o leitor médio de um jornal pode não entender o motivo, para ilustrar, das reivindicações dos caminhoneiros e, por consequência, o aumento sucessivo dos combustíveis nos postos.
Desse modo, um bom leitor vai entender que as reivindicações da greve dos caminhoneiros giram em torno da nova política de preços. Esse novo sistema de preços acompanha as variações dos valores do barril de petróleo e dos valores na taxas cambiais internacionais. A prática foi implementada pelo ex-presidente da Petrobras Pedro Parente, que se demitiu na tarde da última sexta-feira (01).
A política de preços mencionada anteriormente é compartilhada, falsamente noticiada e criticada de forma constante. Tenho certeza: quem lê quer, pelo menos, ser informado corretamente sobre o tema, ainda que de maneira breve. É uma fake news na qual o jornalismo econômico se insere.
HISTÓRIA
Antes do período ditatorial (1964-1985), a economia era retratada timidamente nos periódicos tradicionais. Existia uma tentativa com o saudoso “Jornal do Commercio”, fundado em 1824 e encerrado em 2016, mas que possuía um público de leitores específicos, como empresários, executivos, líderes de empresas.
O avanço da área consolidou-se após a tomada do poder pelos militares. É natural pensar que o noticiário político sofresse um retrocesso, já que, com o intuito de diminuir a circulação de notícias que contrariassem a cúpula do exército, militares dessem foco ao noticiário econômico, o qual abordaria as obras faraônicas realizadas em tal período.
Além disso, na mesma época, ocorria um crescimento da economia brasileira, que chegou a crescer a uma taxa maior que 10% no período entre (1968-1973), tradicionalmente conhecido como o “Milagre Econômico”. Não à toa, os militares concentraram todas as forças no segmento, situação que possibilitou a inserção de mais uma editoria nas redações do país: “Economia”.
E DEPOIS?
Passada a ditadura, o ‘economês’, como é carinhosamente apelidado os difíceis termos econômicos empregados pela mídia para noticiar os fatos financeiros, ainda é um dilema a ser enfrentado. Quem assiste Wall Street – Poder e Cobiça (1987), estrelado por Charlie Sheen e Michael Douglas, observa como os fatos são reportados. A intenção parece ser de uma pequena parcela da população compreender os fatos.
Não à toa, jornais passaram a investir em comentaristas que consigam informar sem assustar o leitor, o espectador e o ouvinte. É interessante perceber, também, o protagonismo do segmento nos jornais durante as décadas de 1980 e 1990, como mostra o professor do Departamento de Jornalismo da UnB, David Renault, na obra O discurso antecipatório no jornalismo econômico”. No livro, David analisa o comportamento de inúmeros jornais, que passaram a publicar notícias do segmento com base em rumores da equipe econômica do Planalto.
Em telejornalismo, os assuntos financeiros eram reportados muito brevemente. Intitulava-se o quadro de “Indicadores”. No entanto, o contexto de hoje já é diferente. A GloboNews exibe o Conta Corrente, programa com noticiário exclusivamente financeiro. Apresentado por Samy Dana, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o programa tenta inovar e atrair um público mais jovem. No mês de abril, recebeu a cantora Anitta para um bate-papo sobre estratégias de marketing que a artista utiliza na carreira profissional.
Podemos perceber que, hoje, as grandes mídias tentam, através do jornalismo econômico, se conectar a um público-leitor que demande o assunto. De volta à abordagem inicial do texto, a greve dos caminhoneiros só pode ser melhor compreendida caso haja uma recontextualização no cenário econômico. Para isso, deve-se recorrer a uma melhor leitura do conteúdo. Caso contrário, é possível que haja um retrocesso na transmissão de informações.
É importante frisar que o jornalismo econômico deve ser mais acompanhado em nosso país. Abaixo, listo conteúdos que podem ser acessados:
Mauro Halfeld (CBN) Segunda à sexta, 7h59: Halfeld conquistou o público por suas dicas de investimentos e finanças pessoais, assim como pelos comentários, que não duram mais do que dois minutos. Com linguagem clara e sintética, o engenheiro é uma boa fonte de informação.
Manhattan Connection (GloboNews) Domingo, 23h: apresentado desde 1993 por Lucas Mendes, direto de Nova York, o programa conta com Ricardo Amorim, economista que trata especificamente do noticiário econômico.
InfoMoney: é interessante ter o hábito de baixar apps no celular sobre notícias econômicas. Siga a página do site da Infomoney no Facebook. Além de dar informações exclusivas sobre o mundo econômico e as bolsas mundiais, o InfoMoney oferece cursos sobre educação financeira e investimentos, os quais são assuntos essenciais no mundo.
Valor Econômico: fruto de uma parceria entre os jornais O Globo e Folha, o Valor, ainda que mais concentrado entre o público de empresários, CEOs e investidores, é um importante aliado na hora da leitura. O periódico vai para as bancas às sextas-feiras. É interessante seguir o conteúdo via web e Facebook.
Conta Corrente: vai ao ar de segunda à sexta, às 21h. Apresentado pelo divertido Samy Dana, o programa consegue captar a atenção do espectador. Possui ritmo ágil e apenas 30 minutos de duração, o que facilita a compreensão de quem assiste.
Miriam Leitão: Miriam se consolidou no meio jornalístico pela intensa cobertura do noticiário econômico. A jornalista possui uma coluna na CBN, na qual dá um parecer sobre os assuntos financeiros, assim como um blog no jornal O Globo.
Thaís Herédia: Antes no Em Pauta e agora no My News, Thaís também é uma jornalista especializada em economia. A comentarista aborda, sempre com muita dinamicidade, os principais assuntos econômicos do país.
Carlos Alberto Sardenberg: apresentador do CBN Brasil, além de comentarista de economia nos principais jornais televisivos do Grupo Globo, Sardenberg é respeitado no meio, sendo eleito por diversas vezes o melhor jornalista econômico do ano do país pelo Prêmio Comunique-se.
João Borges: mantém uma coluna na CBN, assim como é o principal comentarista de economia do Jornal das 10, veiculado na GloboNews.
Mara Luquet: é jornalista especializada em economia. Mara escreveu um livro, em parceria com Carlos Alberto Sardenberg, intitulado O assunto é dinheiro. Atualmente, integra o quadro de jornalistas do canal MyNews. Vale a pena conferir os vídeos e comentários da Mara.
Financial Times: é um jornal diário internacional, publicado em inglês, originário do Reino Unido. O Financial possui foco em negócios e assuntos econômicos. Com um conhecimento básico em inglês, é possível fazer uma leitura aprofundada do assunto.
Wall Street Journal: maior jornal em circulação nos Estados Unidos, o Wall Street Journal é um dos principais rivais do Financial Times. Com o objetivo de competir com esse veículo, o Wall Street mantém sede em Nova York, EUA, considerada cidade berço do capitalismo e da bolsa de valores.
The Economist: é uma revista especializada em assuntos internacionais, com foco no âmbito econômico. A leitura também vale a pena, até pelo fato de diversificar o assunto e englobar questões supranacionais.
Nomes como os citados são válidos para um maior acompanhamento do noticiário. Fica claro que um bom profissional deve ter domínio sobre os diversos assuntos veiculados na grande mídia. Por mais que tenha sido uma explicação breve, um assunto muito importante como este merece um retorno maior no futuro. É isso! Um bom dia, boa tarde ou boa noite!
Texto por Gabriel Ponte
Arte por Carina Benedetti
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