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Novo jornalismo: uma outra alternativa


Artigo da New York Magazine sobre o nascimento do Novo Jornalismo

Artigo da New York Magazine sobre o nascimento do Novo Jornalismo


Por Victor Pires

Tom Wolfe, Norman Mailer, Gay Talese, Hunter Thompson. Todos esses jornalistas tinham algo em comum. E essa semelhança vinha justamente do fato de que eles não eram simplesmente jornalistas. Eles nadaram contra a corrente (como boa parte dos criadores de tendências), fugiram do caráter convencional da produção de notícias, dos deadlines apertados, da falta de espaço nas páginas dos jornais diários, da opressão de criatividade dos editores. De tudo que contribuísse para uma visão pobre dos fatos e, consequentemente, da realidade. Eles conseguiram unir a rigidez dos fatos do jornalismo à liberdade da literatura.


Norman Mailer, um dos grandes nomes do Novo Jornalismo

Norman Mailer, um dos grandes nomes do Novo Jornalismo


Para evidenciar a importância do novo estilo, que teve seu auge entre as décadas de 1960 e 1970, basta ver que ele logo ganhou ares de movimento jornalístico-literário. Desse modo, um nome próprio se tornou necessário. Foi chamado de Novo Jornalismo (ou New Journalism, como é mais conhecido) pela primeira vez por Tom Wolfe, e como não podia deixar de ser, foram duramente criticados pela imprensa conservadora, que não via com bons olhos o uso de recursos literários na construção de matérias.

O Novo Jornalismo surgiu da necessidade, não suprida pelo jornalismo diário, de uma visão mais ampla e completa dos fatos. Desse modo, era preciso contextualizar as informações, buscar pontos de vistas variados, tratar o assunto com profundidade. Não bastava só dar os fatos, agora era preciso mostrar a realidade que levou àqueles fatos, além das consequências diversas que eles traziam. E isso, como é de se imaginar, dá trabalho. Muitas obras de jornalismo literário levaram anos de pesquisa, entrevistas, viagens, imersão em novas realidades e empenho dos jornalistas-escritores.


Caricatura de Hunter Thompson (à esquerda) e Tom Wolfe: reflexo da diferença de gêneros dentro do Novo Jornalismo

Caricatura de Hunter Thompson (à esquerda) e Tom Wolfe: reflexo da diferença de gêneros dentro do Novo Jornalismo


Apesar das inevitáveis críticas, os novos jornalistas tiveram sucesso estrondoso entre o público. As vendas das obras que misturavam a abordagem de fatos e o uso de personagens reais à liberdade criativa dos romances foram altas. Mesmo hoje, as vendas de livros-reportagem produzidos no período continuam altas (basta ver o livro “Medo e Delírio em Las Vegas”, de Hunter Thompson, por exemplo). Além disso, o Novo Jornalismo foi base para a produção de obras em diversos países por toda a segunda metade do século XX, e isso continua até os dias atuais.

Ao mostrar uma alternativa para a produção industrial de notícias, os novos jornalistas mostraram ser possível criar um tipo de jornalismo questionador, consumido por um público interessado na profundidade da realidade em que está inserido.

Assista, no vídeo abaixo, uma entrevista concedida por Gay Talese ao jornal Folha de São Paulo:

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