Matéria em quadrinhos do jornal Correio Braziliense sobre o consumo de crack
Por Victor Pires
A diversidade das formas de apresentação de notícias ganhou representatividade a partir da segunda metade do século XX. Nessa época, se desenvolveram novos modos de transmissão das notícias, que iam além do tradicional jornal impresso. A TV, o jornalismo literário e o aperfeiçoamento do rádio são alguns exemplos de novidades que influíram na produção jornalística. Elas acabaram por motivar uma forma criativa de dar as notícias: o jornalismo em quadrinhos.
Pode parecer estranha a união entre essas duas formas de expressão aparentemente antônimas. O jornalismo tradicional busca a objetividade, imparcialidade e, ao mesmo tempo, tem um formato já estabelecido para a apresentação dos fatos. Os quadrinhos, por sua vez, são usados como forma de expor a subjetividade do autor e possuem liberdade criativa considerável. Porém, basta ler algumas páginas de “Palestina – Uma Nação Ocupada”, de Joe Sacco, para ver que a união é perfeitamente possível.
A apuração das reportagens para a construção de um quadrinho jornalístico é semelhante à feita pelos repórteres considerados comuns. Entrevistas, imersão em novas realidades, pesquisa aprofundada de todos os lados envolvidos, e por aí vai. Tudo isso também faz parte do trabalho rotineiro do HQ repórter (nome dado ao profissional do jornalismo em quadrinhos). O que muda é a apresentação das notícias, ao dispor o texto de forma criativa na página, ao lado dos desenhos.
Considerado o precursor do jornalismo em quadrinhos, Joe Sacco contribuiu para dar fama a essa técnica. Suas obras de maior destaque são “Palestina – Uma Nação Ocupada”, “Uma História de Sarajevo” e “Área de Segurança: Gorazde”. Todas elas se referem a conflitos militares, e Sacco busca dar uma dimensão humana a essas realidades. Ele também tenta dar voz aos excluídos pela grande mídia, o que confere importância singular a suas obras.
Outros autores, ao redor do mundo, também produzem reportagens em quadrinhos. Alguns exemplos são Art Spiegelman (autor de “Maus – A História de um Sobrevivente”, obra ganhadora do prêmio Pulitzer) e Joe Kubert. Jornais de destaque, como o The Guardian, veicularam notícias em quadrinhos. No Brasil, o Correio Braziliense já publicou uma reportagem em quadrinhos sobre tráfico de crack.
Apesar do preconceito ainda presente, o jornalismo em quadrinhos é uma modalidade em constante crescimento. Desde seu surgimento, tem aumentado o número de jornalistas e ilustradores que se debruçam sobre essa forma original e criativa de expressão.
Imagem da obra “Palestina – Uma Nação Ocupada”, de Joe Sacco.
Capa de “Maus – A História de um Sobrevivente”, de Art Spiegelman.
Confira abaixo, uma reportagem feita com Joe Sacco, na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP):
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