Cobertura do Jornal do Brasil sobre a Conferência de Estocolmo
Por Victor Pires
Ao abrir jornais e revistas, é fácil notar a variedade de assuntos que os compõem. De economia a esportes, temas variados têm espaços próprios de abordagem nos veículos midiáticos. É possível pensar que os temas tratados pelos jornalistas correspondem aos principais interesses de um povo. Apesar de simplista, essa relação faz certo sentido. Para atender à procura crescente por assuntos como poluição e desmatamento, por exemplo, existe o jornalismo ambiental.
A preocupação com a natureza ganhou força a partir da segunda metade do século passado, principalmente depois de 1960. A “revolução ambiental” teve início nos Estados Unidos e se espalhou pelo restante do globo ao longo das décadas seguintes. A Conferência de Estocolmo, em 1972, foi essencial para voltar os olhos dos comuns à questão ambiental. Antes disso, as discussões sobre o tema eram reservadas a especialistas, principalmente.
Matéria do Estado de São Paulo sobre o acidente de Chernobyl
Como era de se esperar, o interesse dos jornalistas acompanhou o do restante da população. Em pouco tempo, matérias voltadas a assuntos ambientais começaram a ganhar destaque nos veículos tradicionais. Além de Estocolmo, fatos como o acidente nuclear de Chernobyl e a descoberta de buracos na Camada de Ozônio ganharam grande repercussão e atraíram a atenção do público. No Brasil, um assunto com importância ambiental explorado pela mídia foi a morte de Chico Mendes.
Chico Mendes, cuja morte teve ampla cobertura da mídia brasileira.
Apesar de alta importância ao ajudar a popularizar questões diversas, como a extinção de espécies animais, o jornalismo ambiental nem sempre tem espaço próprio nos jornais tradicionais (diferentemente do jornalismo político, por exemplo). À primeira vista, isso pode parecer negativo, mas é interessante perceber que alguns dos principais jornalistas ambientais do país não veem isso com maus olhos. Pelo contrário.
André Trigueiro, jornalista e professor de jornalismo ambiental da PUC RJ, afirma que a setorização de assuntos ambientais não contempla algo importante: seu caráter transversal. Esses temas têm implicações em política, economia e nas mais diversas áreas, para não dizer em todas. Criar um “gueto verde” no jornalismo acabaria por descontextualizar os fatos e os isolar, tornando a visão da realidade ainda mais pobre.
Mesmo com divergências dessa natureza, o jornalismo voltado a assuntos ambientais teve (e ainda tem) importância singular, ao colocar na mídia preocupações de toda a humanidade. Simples fatos, como o uso de ecobags, mostram que a atenção dada à preservação da natureza continua em voga. Assim como o jornalismo ambiental.
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