Por Raquel Franco
O fotojornalismo é uma vertente do jornalismo que utiliza a linguagem fotográfica para transmitir uma informação, e não apenas ilustrar uma notícia. Esta prática surgiu em coberturas de guerras, e um de seus precursores foi Roger Fenton, enviado para registrar a Guerra da Criméia em 1853. Segundo Susana Dobal, professora na Universidade de Brasília, o fotojornalismo é uma composição de imagens que sintetizam o fato. “Muita gente pode usar a câmera, mas isso não valida um verdadeiro fotojornalista. Um profissional pode propor uma outra visão das coisas”, afirma a professora.
Essa linguagem traz muitos benefícios à exposição de informações, mas também tem aspectos negativos. A manipulação de fotografias passou a se tornar uma preocupação em 1842, quando houve a primeira ilustração publicada a partir de um registro fotográfico. Nessa época, não havia tecnologia para que uma foto fosse reproduzida no papel do jornal, por isso ilustradores usavam a fotografia como base para suas ilustrações.
Uma pesquisa realizada por Alain Jaubert revela que muitos políticos utilizaram técnicas de alteração para omitir a realidade e se colocar em posição de triunfo perante o povo que governavam. Antes mesmo da chegada de imagens digitais, a subtração de personagens indesejados, ou até mesmo elementos que atrapalhavam os objetivos da fotografia eram recorrentes na União Soviética. Por várias vezes, a imagem de Trotsky, revolucionário e intelectual soviético, foi retirada de fotografias junto a Stalin.
A União Soviética (URSS), inclusive, pode servir com o exemplo desse tipo de manipulação. A fotografia original a seguir foi tirada em uma das aparições de Lênin, chefe de estado russo, e mostrava centenas de pessoas ouvindo o líder. Na versão manipulada, o número de ouvintes se multiplicou. Há inúmeros exemplos em que a URSS apagou imagens de desafetos políticos das fotografias, além de retirar objetos que desviavam a atenção do foco principal.
Discurso de Lênin (Imagem original)
Discurso de Lênin (Imagem manipulada)
O desenvolvimento da tecnologia digital trouxe diversos avanços para a tecnologia fotográfica, porém também trouxe preocupações. Com a linguagem dos computadores, foi facilitada também a manipulação de imagens. Difíceis de serem detectadas, as alterações de conteúdos em fotografias se tornaram comuns, principalmente em publicações com fins políticos.
A manipulação – no caso específico do fotojornalismo – interfere na realidade dos fatos. Elementos podem ser acrescentados ou excluídos, dependendo da intenção de quem altera. Esse tipo de prática é eticamente condenada no fotojornalismo e traz conseqüências: o veículo de comunicação perde a credibilidade e o profissional assume a responsabilidade pela adulteração, como determina o Código de Ética dos Jornalistas.
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