Por Raquel Franco
O cenário da publicidade e do entretenimento se modificou durante os últimos anos. É notável que, de uns tempos para cá, o antigo modelo de negócio dessas áreas sofreu alterações, e a saída para fugir do declínio que sofriam foi fazer uma aliança, uma convergência entre conteúdo e comércio. A autonomia do consumidor e as tecnologias digitais são os grandes responsáveis por essa mudança. Quem ditava as regras eram os estúdios de cinema, as gravadoras de CDs e canais de televisão. Agora, esse poder foi entregue aos consumidores, que baixam suas músicas, seriados, ou apenas trocam de canal.
Por muito tempo, a propaganda se intrometia na vida do público, agora ela tende a convidar o consumidor a se interessar por ela. Publicitários se juntaram aos executivos do entretenimento para garantir sua sobrevivência, e como exemplo desta união, temos vídeos de longos formatos produzidos por diretores de cinema. Outra forma da convergência é a integração entre produtos e filmes. Essa prática não é tão inovadora, mas agora os publicitários têm voz mais ativa na produção de longas.
A audiência e o horário nobre são características desejadas para um comercial de qualquer empresa, não são? Para a marca de lingerie Victoria’s Secret, isso não é sonho. O desfile anual da empresa, transmitido ao vivo, conta com a presença de modelos e shows de artistas famosos simultaneamente.
Uma via de mão dupla, é assim que o mercado é regido hoje em dia. Publicidade não vive mais sem o conteúdo das mídias. O longa metragem “The Italian Job” recebeu uma crítica do The Wall Street Journal como “o melhor comercial de carro já realizado”. O carro Mini, da BMW, foi inserido como ferramenta perfeita para os protagonistas do filme de ação e o plano era lançar o filme coincidindo com a chegada dos carro nos Estados Unidos.
No outro lado da moeda, o cantor Sting gravou o clipe para a música “Desert Rose” e o roteiro indicava a aparição do carro de uma valiosa marca de automóveis. O produto final que o diretor tinha, se assemelhava mais com um comercial de carro do que com um clipe musical. O vídeo foi levado à uma agência de publicidade e o fabricante acatou a idéia de deixá-lo como um anúncio. A divulgação do cantor foi surpreendente e as vendas do carro cresceram.
Com estes exemplos e tudo que vemos em nosso cotidiano, é perceptível que a convergência surgiu para transformar o mercado e tornou a publicidade mais acessível e efetiva, além de ter renovado o ramo do entretenimento. O consumidor é tratado com mais pessoalidade e liberdade, pois é ele quem escolhe como será atingido.
Quer saber mais sobre o assunto? Leia o livro “Publicidade+Entretenimento (Madison & Vine)”, de Scott Donaton.
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